“Eles são muito mais interessantes do que fortalezas ou palácios justamente por combinarem duas funções distintas”, afirma Marc Morris, autor de "Castles: Their History and Evolution in Medieval Britain".
“O que define um castelo é justamente essa fusão entre defesa e moradia — é ao mesmo tempo uma fortaleza e uma residência nobre. Criar algo que seja confortável e ao mesmo tempo seguro não é simples. As soluções engenhosas encontradas pelos projetistas de castelos para equilibrar essas exigências sempre chamam atenção.”
Embora castelos estejam fortemente ligados à história europeia, construções desse tipo podem ser encontradas em diversos países ao redor do mundo — do Japão à Índia, do Marrocos ao México.
Hoje, muitos desses castelos se tornaram centros de história viva, onde visitantes podem assistir a torneios de justa e outras formas de combate antigo, ouvir música medieval ou ver artesãos demonstrando técnicas, ofícios e habilidades do cotidiano de mil anos atrás.
Eles também servem como cenários perfeitos para shows ao ar livre, apresentações teatrais e militares, sessões de cinema ou gravações de filmes e séries.
“Com um castelo, você não tem só histórias de cercos e batalhas. Há também o lado doméstico da vida da elite: são lugares onde conspirações foram tramadas, casamentos consumados, assassinatos cometidos, bebês reais nasceram, e por aí vai”, diz Morris. “Castelos são repletos de histórias fascinantes.”
A seguir, conheça 21 dos castelos mais belos do mundo — construções fortificadas que são um deleite para os olhos e verdadeiras viagens no tempo até a era em que foram erguidas.
A cerca de 30 minutos de trem-bala a oeste de Osaka e Kobe, o Castelo de Himeji se ergue imponente sobre o Mar Interior e é considerado o maior exemplo da arquitetura feudal japonesa.
Patrimônio Nacional do Japão e também Patrimônio Mundial da Unesco, sua estrutura branca e elegante lhe rendeu o apelido de “Castelo da Garça Branca”, pela semelhança com uma ave em pleno voo.
Concluído no início do século XVII, oferece visitas guiadas diariamente, em japonês e inglês.
Este castelo medieval domina a ilha de Rodes, no Mar Egeu. Originalmente uma cidadela bizantina, foi reformulado em estilo gótico pelos Cavaleiros de São João, quando a ilha servia como sede de seu grão-mestre.
Durante o curto período de ocupação italiana nas Ilhas do Dodecaneso, Benito Mussolini chegou a usar o castelo como residência de férias. Hoje, o local abriga exposições permanentes com artefatos da Grécia Antiga e do período cristão primitivo.
Embora seja considerado por muitos o arquétipo dos castelos alemães, Neuschwanstein é uma construção relativamente recente — foi erguido no fim do século XIX a mando do rei Ludwig II da Baviera.
Inspirado tanto nas óperas de Richard Wagner quanto no romantismo da Idade Média, o castelo é quase um conto de fadas em forma de pedra — lembrando o Castelo da Bela Adormecida da Disney, porém com os Alpes nevados como pano de fundo e os campos da Baviera se estendendo abaixo.
Não por acaso, Neuschwanstein já estrelou diversos filmes, como "Chitty Chitty Bang Bang" e "Fugindo do Inferno' ("The Great Escape").
Um dos castelos mais impressionantes da Europa, o Alcázar de Segóvia se ergue sobre um promontório rochoso que domina as planícies de Castela, no centro da Espanha.
Começou como um forte romano, mas foi transformado ao longo dos séculos em um castelo medieval com todos os elementos clássicos: fosso profundo, ponte levadiça, torres circulares de vigia, um imponente torreão e aposentos reais ricamente decorados.
Ganhou fama como residência da rainha Isabel e do poderoso rei Felipe II, antes da transferência da corte para Madri.
Resultado do movimento romântico do século XIX, o Palácio da Pena se encontra no alto de uma colina em Sintra, Portugal.
Foi encomendado pelo rei Fernando II no local de um antigo mosteiro dedicado à Virgem da Pena, e sua arquitetura mistura elementos góticos, mouros e renascentistas.
Com suas cores vibrantes — vermelho e amarelo — e uma torre com relógio chamativa, o Palácio da Pena tem uma atmosfera bem mais lúdica que os castelos sombrios do restante da Europa.
Construído no início do século XVII pelo governante mogol do Rajastão, o Forte Amber se encontra em uma colina próxima a Jaipur, com suas muralhas refletidas nas águas do lago Maota.
Dentro das muralhas, o complexo palaciano gira em torno de pátios cercados por belas construções da arquitetura rajput, como os Apartamentos do Marajá, o Sukh Niwas (Salão do Prazer) e o Diwan-i-Am (Salão da Audiência Real).
Embora já tenha sido moda subir até a entrada montado em elefantes, hoje os visitantes são orientados a caminhar ou usar táxis 4x4.
Essa imponente construção de adobe, às margens do Saara, já apareceu em diversos filmes e séries — como "Game of Thrones", "Gladiador" e "O Homem que Queria Ser Rei".
O complexo inclui uma cidade fortificada à beira do rio Asif Ounila — ainda habitada — e uma cidadela parcialmente em ruínas no topo da colina.
Com pousadas no estilo berbere, o ksar foi originalmente construído no século XVII como ponto de parada para caravanas entre Marrakech e o Sudão.
Fundado no fim da Era Viking, o Castelo de Kalmar tem origem em uma torre defensiva do século XII, com vista para o Estreito de Kalmar, no Mar Báltico.
Quatro séculos depois, o rei Gustavo e seus filhos transformaram Kalmar em uma esplêndida residência real — que, graças às restaurações, mantém hoje o mesmo aspecto de 1592.
Além de exposições, atividades infantis e visitas guiadas, o castelo renascentista mais bem preservado da Escandinávia também oferece eventos especiais, como uma mostra de artefatos egípcios antigos, em cartaz até novembro de 2025.
Vigiando a entrada da Baía de San Juan, essa cidadela espanhola do século XVI é uma das mais impressionantes do Caribe.
Protegido por fosso com ponte levadiça, muralhas de pedra e falésias à beira-mar, o castelo resistiu a vários ataques, incluindo incursões de piratas ses e o ataque de Francis Drake em 1595. No entanto, rendeu-se aos EUA após intenso bombardeio naval na Guerra Hispano-Americana.
Desde 1962, El Morro e o vizinho Castillo San Cristóbal — o maior forte construído pelos espanhóis no hemisfério ocidental — fazem parte do Parque Histórico Nacional de San Juan. O gramado à frente do castelo, conhecido como “campo de fogo”, hoje é um dos locais preferidos para piqueniques e para empinar pipas.
Embora oficialmente seja chamado de palácio, o vasto complexo de Topkapi, em Istambul, reúne todas as características de um castelo clássico: posição estratégica, muralhas fortificadas, portões imponentes e uma residência real, ocupada pelos sultões otomanos desde o final do século XV até meados do século XIX.
Transformado em museu após o fim do Império Otomano, o Topkapi oferece jardins extensos, arelas sobre os muros com vista para o Bósforo, o famoso Harém Imperial — onde viviam as concubinas do sultão — e o Tesouro Imperial, que guarda o célebre punhal de ouro cravejado de esmeraldas, roubado e depois recuperado no filme "Topkapi", de 1964.
Empoleirado sobre um antigo afloramento vulcânico no fim da Royal Mile, o Castelo de Edimburgo é considerado o local mais sitiado da Grã-Bretanha, com pelo menos 26 ataques importantes ao longo de seus 1.100 anos de história.
De Mary, Rainha dos Escoceses, a Oliver Cromwell e Sir Walter Raleigh, muitos nomes célebres da história britânica estão ligados a essa fortaleza ancestral.
As joias da coroa mais antigas da Grã-Bretanha — conhecidas como Honrarias da Escócia — são protegidas dentro do castelo, que também serve de palco ideal para o famoso Royal Edinburgh Military Tattoo, evento anual de música militar.
Concertos, encenações históricas e demonstrações de armamento são algumas das atrações oferecidas ao longo do ano dentro de suas muralhas. O castelo ainda abriga um Cemitério de Cães onde estão enterrados antigos mascotes militares.
Apesar de pequeno, o Grão-Ducado de Luxemburgo possui mais de 50 castelos espalhados por uma área menor do que a Grande Londres. O mais impressionante deles é o Castelo de Vianden, que se ergue majestosamente sobre o rio Our, no norte do país.
Construído sobre os restos de uma fortaleza romana que protegia o império de invasões bárbaras, o castelo foi erguido entre os séculos XI e XIV.
Combinando elementos da arquitetura românica, gótica e renascentista, permaneceu sob domínio da realeza até 1977, quando o Grão-Duque o doou ao Estado. O maior evento do ano no castelo é o festival medieval de agosto, com cavaleiros duelando, trovadores, malabaristas e artesãos.
O Kremlin de Moscou pode ser mais famoso, mas em termos de atmosfera medieval, ele não se compara ao de Novgorod.
Localizado a cerca de 200 quilômetros ao sul de São Petersburgo, Novgorod foi sede de uma poderosa república russa entre os séculos XI e XV, antes de ser eclipsada por Moscou.
Esse poder se concentrava dentro do detinets, ou kremlin — uma cidadela com muralhas robustas e torres fortificadas.
Hoje, o local abriga pontos de destaque como a Catedral da Santa Sabedoria, com suas cúpulas prateadas, o Museu de Novgorod e o monumento do Milênio da Rússia.
Este imenso château no Vale do Loire representa perfeitamente a transição entre os castelos fortificados medievais e os palácios renascentistas.
Encomendado pelo rei Francisco I no início do século XVI como um "pavilhão de caça", o castelo conta com 440 cômodos e levou 28 anos para ser concluído.
Suas ameias, torres de canto e torre central são puramente decorativas, mas ainda assim abrigam verdadeiros tesouros — entre eles, a famosa escadaria em dupla hélice, inspirada, dizem, por Leonardo da Vinci.
Um dos melhores exemplos da arquitetura de castelos chineses pode ser encontrado no Shuri-jô, uma fortaleza-palácio situada no alto de uma colina em Okinawa.
Por mais de 450 anos, quando as ilhas Ryukyu mantinham fortes laços com a China, o castelo foi sede do reino independente, com salas cerimoniais, templos, santuários e uma suntuosa sala do trono inspirada na Cidade Proibida de Pequim.
Fortemente restaurado após a Segunda Guerra Mundial — quando serviu de base militar japonesa —, o castelo hoje oferece desde apresentações de dança e iluminação noturna a tours com áudio em diversos idiomas e um ritual matinal de abertura dos portões chamado Ukejo.
A Inglaterra tem castelos maiores, como Windsor, e outros mais marcados pela história, como a Torre de Londres, mas nenhum apresenta a forma tão clássica de castelo medieval como Bodiam, no leste de Sussex.
Construído em 1385 por um ex-cavaleiro real, o castelo exibe grossas muralhas com ameias e nove torres robustas ao redor de um pátio central. A entrada é feita por uma arela de madeira que cruza um largo fosso — substituindo a antiga ponte levadiça.
Entre as atividades oferecidas no verão estão sessões de arco e flecha, figurinos medievais para os visitantes, chá da tarde com bolos e scones e visitas guiadas. A apenas 11 km dali fica o local da histórica Batalha de Hastings, em 1066.
O único castelo real das Américas se ergue acima da Cidade do México.
Construído no final do século XVIII como residência de verão do vice-rei da Nova Espanha, o castelo teve diversos usos ao longo dos anos, incluindo o de palácio do imperador Maximiliano e cenário de uma batalha em 1847 contra tropas americanas — evento mencionado no hino dos Fuzileiros Navais dos EUA ("From the Halls of Montezuma").
Hoje, o Chapultepec abriga o Museu Nacional de História do México. Os aposentos reais, como a requintada Sala de Malaquita e o quarto extravagante de Maximiliano, fazem parte das visitas guiadas.
O que torna este castelo esloveno tão especial é sua localização impressionante — Predjama foi construído na entrada de uma caverna, abaixo de um arco natural de pedra numa encosta íngreme.
Esse posicionamento estratégico o tornou praticamente inexpugnável quando foi construído no século XIII. Durante cercos, os defensores conseguiam sair e entrar por uma agem secreta — ainda existente.
A apenas 62 quilômetros de Liubliana, o castelo e seu entorno recebem, todo mês de julho, o Torneio do Cavaleiro Erasmus, um festival medieval com justas e encenações.
Essa fortaleza insular na Baía de Nápoles é o castelo mais antigo desta lista, com origens que remontam ao século V a.C., quando os gregos colonizaram a região. Romanos, normandos, ses e tropas de Napoleão já ocuparam o local.
Hoje, pertence à família de um advogado italiano que comprou a ilha fortificada em 1912 e iniciou sua restauração, incluindo igrejas, conventos, criptas e jardins.
Com vistas panorâmicas que alcançam até o Monte Vesúvio, o castelo também abriga cafés ao ar livre, livraria, exposições de arte e sessões de cinema ao ar livre.
Esta cidadela imponente é um dos poucos castelos no mundo que ainda têm relevância política — é a residência oficial do presidente da República Tcheca.
Dentro de seus vastos limites ficam a Catedral de São Vito, o Antigo Palácio Real, dez jardins e a Rua do Ouro, uma fileira de casinhas do século XVI que serviam de moradia para os guardas do castelo.
Os tours guiados, disponíveis durante o dia e à noite, duram cerca de três horas.
Embora tenha sofrido danos durante a recente guerra civil síria, o Krak dos Cavaleiros continua sendo um dos maiores castelos do mundo — e o único desta lista que enfrentou conflitos no século XXI.
Construído no século XII pelos Cavaleiros de São João, o Krak é considerado o mais completo exemplo de castelo cruzado no Oriente Médio e um marco da arquitetura militar medieval.
A fortaleza se impõe com duas muralhas separadas por um fosso, sobre uma encosta íngreme entre Homs e o mar Mediterrâneo. Com o fim dos combates, espera-se que restaurações e reparos possam ser realizados.
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